segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A seleção natural

Centenas de milhões de anos atrás, não existiam animais vertebrados em terra. Os únicos vertebrados existentes no mundo eram os peixes. A competição por alimento era intensa. Alguns peixes que viviam perto da costa desenvolveram uma estranha mutação: a capacidade de se propelir na lama e na areia da costa com suas nadadeiras. Isso lhes dava acesso a fontes de alimentos inacessíveis a qualquer outro peixe. Essa vantagem lhes conferiu maior sucesso reprodutivo, de modo que a mutação foi transmitida. É a esse processo que denominamos seleção natural.A seleção natural é o propulsor da evolução. Os organismos mais adaptados à sobrevivência sob determinadas circunstâncias têm maior chance de transmitir seus traços à geração subseqüente.
Charles Darwin cunhou o termo seleção natural, bem como um outro termo evolutivo muito mal compreendido: a sobrevivência dos mais aptos. A sobrevivência dos mais aptos não necessariamente quer dizer a sangrenta batalha que se deduz por meio de seu significado (ainda que ocasionalmente seja esse o seu sentido). Na verdade, a expressão avalia a eficiência de uma árvore na difusão de suas sementes, a capacidade de um peixe para encontrar um local de procriação seguro antes de deitar ovas, a habilidade de um pássaro para remover sementes do interior perfumado de uma flor ou a resistência de uma bactéria a antibióticos.
A aptidão é essencial para a seleção natural e, com isso, não estamos falando da boa forma física de um animal. Por exemplo - a aptidão biológica é a capacidade de um organismo de sobreviver por tempo suficiente para se reproduzir. Além disso, reflete também a capacidade de um organismo para se reproduzir bem. Não basta que uma árvore crie um conjunto de sementes. As sementes também precisam de terra fértil, com recursos suficientes para permitir que brotem e cresçam.
A aptidão e a seleção natural foram explicadas detalhadamente pela primeira vez nos trabalhos de Charles Darwin, que observou a vida natural em todo o mundo, fez anotações e tentou compreender aquilo que havia visto. A seleção natural pode ser explicada melhor nas palavras do próprio cientista, extraídas de seu histórico livro “A Origem das Espécies”.
Organismos que demonstram variações de traços - “as muitas pequenas diferenças que aparecem nos descendentes de um mesmo conjunto de pais podem ser definidas como diferenças individuais. Ninguém supõe que todos os indivíduos da mesma espécie sejam produzidos do mesmo exato molde”.
Nascem mais organismos do que os recursos do planeta poderiam sustentar - “cada ser precisa sofrer destruição em determinado período de sua vida; de outra forma, de acordo com o princípio da progressão geométrica, os números rapidamente se tornariam tão grandes que país algum poderia sustentá-los”.
Todos os organismos precisam lutar pela sobrevivência - “à medida que mais indivíduos são produzidos do que os recursos permitiriam sobreviver, é necessário que exista uma luta pela existência, quer entre indivíduos de uma mesma espécie ou entre indivíduos de espécies distintas, ou com as mesmas condições físicas de vida”.
Alguns traços oferecem vantagens nessa luta - “seria possível duvidar que indivíduos que desfrutem de qualquer vantagem, ainda que ligeira, sobre outros teriam chance melhor de sobreviver e procriar?”
Organismos que apresentam esses traços têm mais probabilidade de sucesso na reprodução e de transmitir os traços à geração subseqüente - “as menores diferenças podem fazer inclinar a sensível balança da luta pela vida e, dessa maneira, serem preservadas”.
Variações bem sucedidas se acumulam ao longo das gerações, à medida que os organismos são sujeitos à pressão populacional - “a seleção natural age exclusivamente pela preservação e pelo acúmulo de variações que são benéficas sob as condições às quais cada criatura é exposta. O resultado final é que cada criatura tende a se tornar mais e mais melhorada em relação às suas condições”.
O processo de seleção natural pode ser imensamente acelerado por fortes pressões populacionais. Pressão populacional é uma circunstância que torna mais difícil que organismos sobrevivam. Sempre existe alguma espécie de pressão populacional, mas eventos como inundações, secas ou novos predadores podem ampliá-la. Sob alta pressão, mais membros de uma determinada população morrerão antes que consigam reproduzir. Isso significa que apenas os indivíduos cujos traços lhes permitam enfrentar as novas pressões sobreviverão e transmitirão seus alelos à geração vindoura. Isso pode resultar em mudanças drásticas nas freqüências de alelos, no curso de apenas uma ou duas gerações. Imagine uma população de girafas cujos indivíduos variam em altura de 3 a 6 metros. Um dia, um incêndio varre a mata na região em que elas vivem e destrói toda a vegetação em altura inferior a 4,5 metros. Só as girafas com mais de 4,5 metros poderiam atingir as folhas mais altas para comer. As girafas com altura inferior ao limite não conseguiriam encontrar qualquer alimento. A maioria delas morreria de fome antes de conseguir se reproduzir. Na geração seguinte, poucas girafas baixas nasceriam. A altura média da população aumentaria consideravelmente.
Existem outras maneiras de alterar rápida e drasticamente a freqüência de alelos. Uma delas é o gargalo populacional. Em uma população grande, os alelos são distribuídos regularmente pela população. Caso algum evento, como uma doença ou uma seca, extermine grande porcentagem da população, os indivíduos restantes podem ter uma freqüência de alelos muito diferente da que prevalecia na população como um todo. Por puro acaso, eles poderiam abrigar uma alta concentração de alelos antes raros. À medida que esses indivíduos se reproduzissem, os traços raros se tornariam a média de uma população.
O efeito fundador também pode promover rápida evolução. Isso acontece quando um pequeno número de indivíduos migra para um novo local, “fundando” uma nova população que deixa de se acasalar com a população antiga. Da mesma forma que no caso dos gargalos populacionais, esses indivíduos podem abrigar freqüências de alelos incomuns, o que levaria as gerações subseqüentes a apresentar traços bastante diferentes da população original da qual os fundadores haviam migrado.
A diferença entre mudanças lentas e graduais ao longo de muitas gerações (gradualismo) e as mudanças rápidas sob alta pressão populacional, entremeadas de longos períodos de estabilidade evolutiva (equilíbrio pontuado) é tema de debates na ciência evolutiva. Na próxima seção, tentaremos compreender como evoluíram alguns traços que não parecem beneficiar o organismo que os porta.

acessado dia 4/08/08 as 20:00 no site:
http://ciencia.hsw.uol.com.br/selecao-natural.htm
mais informações no site acima

Um comentário:

quelatikankaczmarek disse...

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